Sharon Battat:
carioca com sotaque
por Duda Ballesteros e Rogério S.
Fotos por Diego Mello
Beleza por Cezar Marques
Define pra gente o swing brasileiro
Sharon Battat: Além de ter uma cultura riquíssima e ser muito acolhedor, o Brasil tem calor humano e cor. Amo essas energia e criatividade dos brasileiros.
O que te fez escolher o Brasil como lugar pra viver?
SB: Eu me apaixonei pelo Rio de Janeiro, foi realmente amor à primeira vista. O Rio é mágico, adoro morar perto da praia. É uma cidade muito cosmopolita, onde sempre tem pessoas de outros países e gosto dessas mistura e troca.
Que características no nosso jeito de viver você assimilou pra você?
SB: Sou de Nova York e estou acostumada com um ritmo muito acelerado, na verdade, é um pouco exagerado, mesmo sendo extremamente produtivo. O Brasil me ensinou a ter mais paciência, uma virtude que eu não tinha, e isso me mostrou que, na verdade, é bom se desconectar de vez em quando. Demora um pouco para me acostumar, mas, certamente, sinto-se mais equilibrada dessa forma.
E quais você não faz questão de assimilar?
SB: Os nova-iorquinos são muito diretos, às vezes as pessoas acham ate rude, mas na verdade é honesto. O brasileiro não gosta de dizer "não", parece que tem medo de chatear alguém, preferem não responder. Eu prefiro quando as pessoas são transparentes e dizem não desta vez ou que, agora, não rola.
Como você enxerga o mercado brasileiro de moda e construção de imagem?
SB: Como falei, acho o brasileiro extremamente criativo, temos maravilhosos estilistas, diretores de arte, artistas, fotógrafos, cineastas, beauty artists, modelos e uma diversidade incrível de locações. O Brasil tem natureza, praias, vários tipos de arquitetura, realmente, você pode criar qualquer coisa e estar em qualquer lugar sem sair do Brasil. O desejo de apoiar os talentos brasileiros é a razão pela qual decidimos abrir a LitCreative, nossa nova divisão da Litmedia.
Você acredita numa moda 100% brasileira? Alguma marca como exemplo?
SB: Havaianas, hahah! Acho que nenhuma marca mais é 100% de qualquer lugar, há tanta informação e conectividade para tudo e em todos os lugares. A inspiração vem de tantos lugares diferentes, mas também sinto que o Brasil é extremamente inspirador para marcas internacionais. Simon Porte Jacquemus veio para o Rio de férias, ficou tão inspirado no Brasil que voltou para fotografar a campanha de moda masculina aqui.
Explica pra gente o seu trabalho
SB: Abri a Litmedia Productions cerca de um ano depois de me mudar para o Brasil. Nós produzimos ensaios fotográficos, moving image para filmes comerciais, eventos para marcas, principalmente de moda e estilo de vida, como Louis Vuitton, Alexander McQueen, Jaquemous, Victoria's Secret, Urban Outfitters, Calvin Klein, Nike, Selfridges, Hugo Boss,, Converse, FARM, Linkedin, Airbnb, Spotify, Apple, Natura, Arezzo, Quem Disse, Berenice? e as revistas Vogue Rússia, Espanha e USA Teeen, i-D Magazine, L'Officiel, Marie Claire, Allure com Anitta e Iza (sendo a primeira capa internacional das duas artistas) e tantas outras. Nas artes plásticas, já produzi mostras de Keith Haring e Andy Warhol, além de algumas exposições fotográficas. Recentemente, abrimos a Litcreative, uma agência criativa que representa fotógrafos, diretores de criação, estilistas e artistas de beleza brasileiros com a intenção de apoiar os criativos brasileiros.
Qual a principal diferença entre a visão estrangeira e a visão nacional dos fotógrafos sobre a brasilidade?
SB: Honestamente, não sei se existe uma resposta fácil para isso, mas o que posso dizer é que já fotografamos na praia do Arpoador um milhão de vezes com fotógrafos internacionais e brasileiros e é sempre diferente.
Globalização é justificativa para americanização?
SB: O mundo inteiro está tão conectado agora pelo telefone, pelo Instagram, que pessoas na Europa ou em Nova York podem encontrar, ver e se inspirar em um jovem artista na Amazônia. Labo Young's, que cria looks esculpidos no corpo com plantas, foi encontrado, visto por estilistas, fotógrafos, celebridades e "ïnspirou" Stylist Britanico Ibe Camargo.
Qual é o melhor dos dois mundos para você?
SB: Amo muito Nova York e amo muito o Rio, sou e sempre serei uma cariyorker (mistura de carioca e New Yorker).